domingo, 9 de dezembro de 2012

Toda palabra

(poema sem título)


Toda palabra es una planta carnivora
dentro de nuestra boca

Las palabras posan con aflicción
sobre nuestra lengua y se escupen
para el mundo más allá del labio.

Parte sola

y bajo el abismo del universo
en las bocas muertas y vacías
la palabra se entierra en el eco.



do livro Palavra 
(traducción Teresinka Pereira - 
publicado na revista Clarin 556 - Espanha)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Eu caminho

(poema sem título)

eu caminho para o futuro
com os mesmos pés de ontem.
caminho sabendo que o agora
é o único destino que me importa.
caminho para o além
porque nasci em carne crua
e alma lavada.
estou me expondo ao vazio
mas mesmo assim
não quero comer e beber da sua piedade.
quero é cuspir no prato
que me alimenta
e me dá falsas esperanças

(do livro Mosaico da Insônia)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O mundo que habito

(poema sem título)


o mundo que habito
e piso diariamente
com os pés cheios de ânsia
cheios de lama
cheios de nada.
esse mundo que nego
renego
e necessito
é o meu sonho de esperança:
- dias melhores virão...
e assim com a conformidade
no conforto das mentiras
adormeço
e sonho com o amanhã
sem saber que o amanhã
já é o hoje que me consome.

(do livro Mosaico da Insônia)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ainda posso

(poema sem título)


ainda posso queimar o dia de ontem.
blasfemar contra o calendário.
deixar a morte aliada a mim:
melodia sem sombra e sem rima.

os deuses não sabem o que é morrer
pela verdade da fome.
os deuses não sabem o sabor
infiel de falar em versos.

então eu tenho o poder
de queimar o dia de amanhã.
e acentuar sua ferida no tempo.
tenho o poder de fazer jovem
a cicatriz velha.
faço de propósito:
pois nenhuma pérola
é joia no pescoço do morto.

(do livro Mosaico da Insônia)